quarta-feira, 17 de março de 2010
Personagem da semana
Em Janeiro deste ano fizeram 66 anos da morte da escultora Camille Claudel. Há algum tempo estou lendo a respeito dessa escultora e estou impressionada com a sua história!
Seu caso de amor intenso com Rodin, sua carreira como escultora não reconhecida com louvor e seu final trágico(ela passou os últimos 30 anos da sua vida internada em um manicômio), são partes de um quebra-cabeça que tem todas as peças, mas, que não se revelou completamente pra mim.
A cada passo me deparo com as relações amorosas, de poder, de gênero e de capitalismo dessa história, que vão me deixando a cada dia com mais vontade de desvendar esse,que pra mim é um mistério.
A inteligência de Camille era uma afronta que se voltou contra ela mesma, fazendo com que ela não aguentasse as pressões da sociedade, que de uma forma ou de outra, reprimiram sua expressividade.
As mulheres que lutam pela liberdade e por suas idéias e ideais sempre foram consideradas loucas pela sociedade e a Camile foi mais um caso dessa incompreensão. Se para algumas pessoas, ela foi taxada por sentir demasiado, para mim, ela é mais um exemplo de mulher, por sua sensibilidade e sua coragem.
O filme
O filme começa a retratar a vida de Camile em fevereiro de 1885, quando ela já estava em Paris. As primeiras cenas mostram Camille saindo para roubar barro (granito verde) altas horas da madrugada,que seriam usados em suas criações.
A história contada é bem fiel à história de Camille. Mostra sua relação super próxima com seu irmão e com seu pai. Tão próxima que cheguei a pensar que eles eram apaixonados por ela, o que levava a implicância da mãe, implicância que poderíamos chamar até de ciúmes.
A questão também é que os dois acreditavam no potencial de Camille, então, louvavam suas idéias. O pai sempre acreditou no dom, na vocação dela para ser escultora. O irmão, que lia o tempo todo sobre iluminismo e era um tanto quanto perdido em si mesmo, acabou se tornando um poeta reconhecido, muito mais lembrado do que a própria Camille, ela que tanto o incentivou a lutar pelo seu sonho de ser escritor.
No filme ela já está no atelier que montou com uma amiga e passa o tempo todo fazendo esculturas de um modelo que é seu amigo, até que ela é apresentada para Rodin e ele a convida para trabalhar no atelier dele. Num primeiro momento ele se mostra super grosso e nem acha tanta graça nas esculturas dela. Mas depois ele acha TANTA graça que os dois se tornam amantes e mantêm esse relacionamento por 15 anos!
O filme faz muitas referências a escritores da época como Vitor Hugo, Dante, Rimbaud. Parece que aquelas pessoas respiravam as artes o tempo todo!
Os 2 atores, Isabel Adjani e Gerard Depardieu são ótimos, interpretam super bem, dão vida mesmo à Camille e ao Rodin.
Tem algumas cenas que são até engraçadas, como quando os dois estão tendo conversas íntimas no carro. O Depardieu estava com uma cara de tarado por um beijo e ela divagando.....
Ao longo do filme podemos ver a aproximação e o envolvimento dos dois. Eles ficavam juntos com intensidade e Rodin passou a sentir necessidade física e criativa de Camille.
Mas como todo amante cafajeste, ao ser pressionado pela Camille para casar-se com ela, Rodin diz que não poderia largar sua esposa, pois esta só tinha a ele no mundo. Então ela o resume à altura:
“Despota!”,disse Camille.
A história segue nos mostrando como Camile se definhou em sua loucura após o rompimento com Rodin. Muitos podem pensar “Nossa, ela ficou assim por causa de um homem?”, mas não foi só isso. Ela se sentiu usada por ele e por todos e quando precisou de apoio, foi incompreendida até pela própria família. Sem ajuda de alguém que a compreendesse em sua profundidade, ela foi internada num manicômio e passou lá o resto da sua vida.
Frases inspiradoras:
“O que ela precisa é de liberdade.” - Rodin sobre Camile
“Você ao menos sabe o que a comove.Eu não sei mais” - Rodin, quando parece que perdeu a inspiração.
“Seu futuro pertence a você.” - Pai de Camille
“Somos dois fantasmas num terreno baldio.” - Camille para Rodin
“Quem não acredita nunca será artista.” - Paul Claudel, irmão de Camille
“Sempre ocupei espaço demais.” - Camille
Inspire-se!
Ps: Fotos tiradas do google.
Informações sobre Camille:
http://www.camilleclaudel.asso.fr/
http://www.lemondedesarts.com/DossierClaudel.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Camille_Claudel
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3 comentários:
Puta merda, tá cada dia mais cult.
Eu não sou sensível a arte... o que eu não consigo interpretar não me apetece.
Esses dias fui numa apresentação de dança contemporânea, e até dormi na poltrona de tão empolgada que fiquei...
Lembrei de você na segunda, comecei a fazer uma disciplina que chama-se A educaçao é um romance, com o objetivo de relacionar a literatura brasileira e internacional com a educação. É a sua cara, não a minha... tanto que estou pensando em abandoná-la.
Quando éramos adolescentes, teve uma exposição da Camille no MAP, vc se lembra? Nas paredes, plotaram as cartas quentíssimas que ela e Rodin trocavam entre si. Realmente é uma história muito interessante que sempre me deixou curiosa. Não sabia que existia um filme. Vou assistir!
Pois é, tem algumas coisas nas artes que eu gosto mesmo, mas não é tudo. E Anna, eu tenho o filme, se vc quiser eu te empresto!
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